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domingo, 10 de julho de 2011

Sobre um certo sonho...

Esta noite eu tive um sonho. E eu não costumo ter sonhos, bons pelo menos.
Era um daqueles sonhos que dá vontade de voltar a dormir só para voltar para ele - sei que a idéia é vulgar mas no momento não me occorre nada melhor, desculpem.
Não sonhei com sexo ou algum tipo de amor , nem mesmo sonhei com alguma pessoa querida. Eu simplesmente sonhei com uma viagem...
Era uma viagem longa, eu estava em um trem que ia de um lugar que eu não fazia idéia para outro que eu nem sequer imaginava. Muitas vezes tal desconhecimento sobre nosso destino nos leva ao desespero pois estar em um lugar que não se deseja e cuja finalidade se ignora é o máximo de nossa alienação, a alienação existencial. Quando a vida gira sem sentido em volta de outras vidas, idéias e processos e relações igualmente sem sentido é quando nossa vida perdeu todo o encantamento - normalmente é quando, uma pessoa honesta e com alguma profundidade, se indaga se ela está realmente viva.
Mas onde eu estava mesmo? Ah sim... A viagem.
O curioso é que eu desejava estar ali naquele trem. Não rumo ao nada, mas indo de encontro a algo que desconhecia completamente e isso me dava uma sensação semelhante a felicidade.
A cadência das rodas nos trilhos ainda agora me parecem o ritmo de alguma música cuja desarmonia fantástica é acompanhada por vários idiomas e sotaques. Seria este um dos sons da liberdade?
Vejo todos estes rostos e não os reconheço. Entretanto, todos riem para mim e eu para eles - todos parecem partilhar de meu contentamento.
Estou em uma janela e observo a noite cujo riso se faz notar no crepúsculo. Um dos mais belos flertes que já tive e foi apenas um sonho...
Lástima! Não lembro de outro sonho tão bom e não consigo lembrar de nada além de fragmentos e impressões...

Devo esclarecer que este sonho não surgiu do nada. Ele apenas ensaia meu desejo antigo de partida. Não de sumir que é fuga e desistência, mas de ir embora que é desejo positivo por novas experiências...  Às vezes digo para mim como bom seria caminhar até encontrar ouvidos que não entendessem minha língua, como seria maravilhoso esquecê-la... E depois lembrá-la e recompô-la a partir de outras línguas, de outras vidas...