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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Aforismo, frase de efeito ou twitt mesmo?

Em tempos de total passividade e apatia qualquer ação é de vanguarda. Embora despreze a idéia vanguardista, agir é preciso.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ponderando...

Faz umas 3 semanas que comecei com essa história de blog. Comecei com isso para compartilhar coisas que penso, guardo ou escrevo mas até agora é como escrever em meu canto em casa, a única diferença parece ser a possiblidade de dividir isso com meus amigos enviando o link.
Nada de substancialmente diferente da solidão habitual de minha escrita. Nem a porra de um comentário...
Não que meus amigos não o façam.
Hoje mesmo uma velha amiga perguntou porque eu não tentava ganhar dinheiro com o que escrevo. Putz... Seria genial se eu pudesse ganhar um centavo por cada besteira que falo ou escrevo, eu seria eleito o homem do ano pela Forbes. Porém, infelizmente, as pessoas não enlouqueceram a esse ponto.
Essa amiga também me disse que era pós-moderno de minha parte ter um blog. Foi ofensivo, eu sei. Mas eu relevo, tenho esperanças de transar com ela um dia.
Falando em sexo, o melhor elogio que recebi em relação ao blog foi de um amigo que após ler os poemetos sacanas disse que não os entendia, mas que se fosse uma mulher namoraria comigo. Fiquei lisonjeado, se ele fosse uma mulher seria a das mais safadas.
Entretanto, a isto se resume o saldo de 3 semanas de trabalho árduo em um blog.
To de sacanagem, não me custa nada incomodar meus amigos com isso. Por enquanto vem dando certo, então eu o mantenho.

A procura de poesia

Certa vez eu caminhava pelo centro de Ribeirão. Calor, ar seco, cansaço e sede. Abandono a multidão apressada do calçadão e tomo o caminho da (biblioteca) Altino Arantes.
Recolhido em uma mesa me recupero com uma garrafa d'água e um livro de Baudelaire.
Não passa muito tempo que estou ali e senta um homem do outro lado da mesa. Decerto não notou minha indisposição, e minha consequente irritação, pois logo me interrompe:
- Eu não sabia que eles tinham livros de Baudelaire aqui.
- Eles têm. Mas este é meu. Digo sem fingir simpatia.
- Ah! Eu entendo um pouco de Baudelaire. Eu fiz alguns trabalhos sobre ele na faculdade. Aliás considero o primeiro dos modernos um dos maiores críticos do nosso tempo.
Abaixo um pouco o livro para olhar com mais atenção para tal figura. Juro que o reconheço, não tanto pela fisionomia meio extravagante como pela sonoridade pernóstica de suas palavras. Em minha graduação eu era rodeado por por coisas do tipo. E com a familiaridade de um velho conhecido eu digo:
-Aposto que sim, sua disposição demonstra bem isso.
Com um contentamento extraordinário a figura se põe a discorrer sobre o maldito poeta e a relação dele com a modernidade, com a Paris spleenática e sobre si mesmo, evidentemente. Sem notar minha expressão estupefata ele discorre em longos, e intermináveis, minutos, absorto que estava em falar de suas preciosas impressões e de sua notável compreensão da poética melancólica e repleta de ironia do tal francês. Ainda não contente com sua palestra anterior e embriagado pelo som de sua própria voz ele tenta me ensinar sobre a urbanização de Paris vista sob a ótica de Baudelaire (citou os macadames!), além de tentar me convencer da existência de um Baudelaire apiedado com a miséria da massa (!) na grande metrópole.
Por fim, meu velho colega termina sua explanação com uma expressão francesa que não consegui distinguir e arremata com a seguinte frase:
- Como um sociólogo ele compreende o espírito do seu tempo e perscruta a alma de sua gente.
Eu não consigo esquecer desta frase. Ele realmente usou a palavra perscruta.
Ainda cansado pela caminhada ao ar seco, não consigo disfarçar minha irritação e levanto num sobressalto.
- Puta que pariu, poucas veze ouvi tanta baboseira. Você pode ter lido, como bem mostra suas palavras, As Flores do Mal e o Spleen de Paris mas dai dizer que vc entende de Baudelaire é uma grande bobagem. Você pode entender de semiótica, sociologia e qualquer ciência do tipo mas não venha você me falar que compreende poesia.
Sob o olhar atônito de outros leitores eu me retiro do local, mas não sem antes arremessar minha garrafa, já vazia, na testa do desgraçado.
Talvez ele tenha me pegado num dia ruim ou então eu estava em meus melhores momentos e resposta melhor não existiria. Ainda assim, eu poderia ter jogado o livro. Contudo, apesar de seus leitores, eu aprecio muito Baudelaire.

sábado, 11 de setembro de 2010

Segunda tentativa....

Crepusculário
Observe o cair de uma tarde, no qual o sol poente estende braços e longos dedos sobre a noite que chega. E avançando sobre o céu, como se retribuísse o toque tímido do dia, a escuridão prossegue envolvendo-o em suas crinas.
Repare no acanhamento das nuvens, vermelhas ante o espetáculo.
Entre os cachos negros e as mãos luminosas existe uma escala infinitesimal compreendida em instantes e cores. Mas perceba que algo foge da imaginação comum sobre um entardecer: entre toda a fração de tons e espaços existe um momento em que ambos se confundem.
Olhe, é um instante em azul difuso, profundo... Fronteiras se apagam sob este fabuloso tom crepuscular e já não se sabe mais onde começa a noite e onde termina o dia. Instante de suprema volúpia e revelação, como se o dia pudesse agarrar a noite pelos cabelos e arrastá-la até o horizonte. É um momento apenas e, no entanto, tal enlace parece alcançar a eternidade nesse único instante.
Considere agora que tal fenômeno parece imitar o modo como meus braços envolvem tua cintura no momento em que te ofereço trono e devoção. É também o momento em que, sentada sobre minhas coxas, sussurra palavras baixas e nomes feios e ri feito menina do desespero com que minha boca sorve teus seios.
Sinto-me preso a um cometa nesse instante em que crava teus dedos em meus ombros e nuca e me chama para junto de si, levando-me consigo. É o momento em que o desespero é todo seu... Instante em que seu riso se torna múltiplo e se comunica apenas por espasmos, ais e soluços.
Por toda essa constelação tecida em suor e perfumes místicos se percebe um espaço de sombras formado pelos golpes de sua carne na minha. Esse é o instante em que também ignoro onde começo e como termino. Mas sei que, de alguma forma, ainda estou aqui...  Agarrado a algum lugar entre seus pés e seus cabelos.
E mesmo sabendo que a unidade absoluta é impossível, estou satisfeito em saber que partilhamos o mesmo destino. Essa dança infinita que se desdobra, uma vez após outra, em materializações de sonhos e instantes eternos.
Afinal, não seriam teus lábios atados aos meus o verdadeiro milagre de um crepúsculo?

Minha primeira tentativa de um poema erótico...

Quando esses dedos que tatearam o abismo descerem por teu pescoço apertando-o suavemente e você perceber que meus carinhos brutais invocam teu espírito há muito adormecido... Talvez você entenda o que desejo de você.
E abrindo seus olhos, como alguém que acorda durante um pesadelo, você sentirá minha boca ressequida correndo pelo teu rosto, reivindicando teu gosto; e entre o rastro de cinzas e brasas deixado por minha língua surgirão novas e profundas feridas que desenharão sobre tua pele toda sorte de lisonjas... E de insultos.
Como alguém que desejasse partilhar os seus segredos, você poderia então aconchegar-se preguiçosamente em meus braços. E , tomando as minhas mãos, guiar-me através dos caminhos sinuosos ao sul de seu corpo – Mulher e Oceano. Acompanhe ainda minhas mãos, essas naus malditas, em sua viagem de volta aos meus lábios que, tal qual um porto, recolheriam avidamente os vestígios amargos daquela ardente visita.
Se reunindo toda sua coragem você não vacilar ante meu olhar e como uma criança embevecida quiser, de alguma forma, adorar-me, humildemente aceitarei louvores, genuflexões e ladainhas, celebrações, depravações e sacrifícios... Adore-me como se adora antigos ídolos: ofereça sua língua em brasa na devoção piedosa de sua boca e comunique nesse Pentecostes toda a angústia que grita em seu espírito. Poderia então acontecer de você, elevando seus olhos, contemplar os meus e enxergar nesses mirantes infernais um brilho novo de contentamento e agonia... Receberia você, “Piedade Osculante”, em seus lábios os frutos de toda a sua misericórdia?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conversas plausíveis

O que segue foi elaborado em outubro de 2007, embora o episódio ao qual se refira tenha alguma significação para mim devido às suas consequências, as circunstâncias mudaram completamente. De forma que compartilho tal texto somente por ser o primeiro de uma série de brincadeiras intituladas conversas plausíveis, nas quais me permito utilizar alguns diálogos (possivelmente fictícios, mas de toda forma sempre plausíveis) com meus amigos para refletir ou gracejar sobre algo. Pode ser que meus amigos não se reconheçam em minhas linhas, entretanto certamente compreenderão o papel de "boa consciência" que lhes reservo. Sem mais...


"Conversa fictícia entre amigos, mas perfeitamente plausível:

Ribeirão Preto, tarde de Domingo, calor infernal e um ar seco de arder os pulmões, afinal é agosto. Amigos dividem bebida barata e copos de água sentados em volta de uma mesa após almoço:

- Mas você...
- O que tem eu? Pergunto.
- Você não passa de um comedor de nuvens. Continua uma velha amiga.
- Isso aí é sacanagem... Só pode ser... Retruca outro.
- Quê? Vocês é que devem estar de sacanagem comigo... Afinal o que é que vocês esperavam? Santidade? Eu sou apenas humano, cazzo!
- Humano? Você é um merda de sonhador. Olhe para mim, você não vê eu transformar minhas dores cotidianas em tragédias como se eu fosse portadora de alguma maldição ancestral ou tivesse não sei que marca gravada por algum deus. Mas você... Você é burro.
- Exato minha cara, penso que nosso querido lunático está obcecado por não sei que beleza que ele vê. E ele somente... Ele vê poesia em tudo.
- Como é mesmo aquela história? Aposto que ela não entendeu a sua conversa sobre lagartixas listadas, não foi? Você não contou sobre o poema do Bandeira? Se eu não conhecesse você, eu acharia que aquilo não era mais que uma piada, sinceramente.
- Soa até engraçado: nosso amigo fascinado pela estranhesa de uma mulher. Seria cômico...
- Foda... Nem sei quantas vezes eu já disse à vocês que a minha vida parece uma piada de mau gosto. E embora eu esteja sorrindo amarelo agora, não significa que eu não encontre alguma graça em tudo isso. Afinal, o que posso fazer se aqueles olhos são para mim como um enigma? O que posso fazer além de sorrir enquanto penso em como decifrá-lo? É trágico sim mas é apaixonante, tal como um poema de Baudelaire...
- Baudelaire o caralho! Baudelaire o caralho! Você tá de sacanagem, você sabe que é não é tão simples, tampouco tão belo. No mundo real pessoas se machucam e você sabe que vai dar merda, você sabe... Exaspera-se meu amigo.
- Afinal de contas que espécie de canalha sonhador você pensa ser? Pergunta-me minha confidente.
- Sei lá... Um dos bons?

Assim voltamos aos nossos copos, cujo fundo permitem perceber a realidade um pouco menos mesquinha e tediosa."

Nota: E realmente deu merda...

Sandro Heleno Inácio Machado

Se eu tivesse um pátria esse seria o hino:

Rollin' Stone - Muddy Waters

Well, I wish I was a catfish,
swimmin in a oh, deep, blue sea
I would have all you good lookin women,
fishin, fishin after me
Sure 'nough, a-after me
Sure 'nough, a-after me
Oh 'nough, oh 'nough, sure 'nough

I went to my baby's house,
and I sit down oh, on her steps.
She said, "Now, come on in now, Muddy
You know, my husband just now left
Sure 'nough, he just now left
Sure 'nough, he just now left"
Sure 'nough, oh well, oh well

Well, my mother told my father,
just before hmmm, I was born,
"I got a boy child's comin,
He's gonna be, he's gonna be a rollin stone,
Sure 'nough, he's a rollin stone
Sure 'nough, he's a rollin stone"
Oh well he's a, oh well he's a, oh well he's a

Well, I feel, yes I feel,
feel that I could lay down oh, time ain't long
I'm gonna catch the first thing smokin,
back, back down the road I'm goin
Back down the road I'm goin
Back down the road I'm goin
Sure 'nough back, sure 'nough back