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sábado, 11 de setembro de 2010

Minha primeira tentativa de um poema erótico...

Quando esses dedos que tatearam o abismo descerem por teu pescoço apertando-o suavemente e você perceber que meus carinhos brutais invocam teu espírito há muito adormecido... Talvez você entenda o que desejo de você.
E abrindo seus olhos, como alguém que acorda durante um pesadelo, você sentirá minha boca ressequida correndo pelo teu rosto, reivindicando teu gosto; e entre o rastro de cinzas e brasas deixado por minha língua surgirão novas e profundas feridas que desenharão sobre tua pele toda sorte de lisonjas... E de insultos.
Como alguém que desejasse partilhar os seus segredos, você poderia então aconchegar-se preguiçosamente em meus braços. E , tomando as minhas mãos, guiar-me através dos caminhos sinuosos ao sul de seu corpo – Mulher e Oceano. Acompanhe ainda minhas mãos, essas naus malditas, em sua viagem de volta aos meus lábios que, tal qual um porto, recolheriam avidamente os vestígios amargos daquela ardente visita.
Se reunindo toda sua coragem você não vacilar ante meu olhar e como uma criança embevecida quiser, de alguma forma, adorar-me, humildemente aceitarei louvores, genuflexões e ladainhas, celebrações, depravações e sacrifícios... Adore-me como se adora antigos ídolos: ofereça sua língua em brasa na devoção piedosa de sua boca e comunique nesse Pentecostes toda a angústia que grita em seu espírito. Poderia então acontecer de você, elevando seus olhos, contemplar os meus e enxergar nesses mirantes infernais um brilho novo de contentamento e agonia... Receberia você, “Piedade Osculante”, em seus lábios os frutos de toda a sua misericórdia?

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